segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Agarrada ao travisseiro..


.. da janela do quarto, ela podia lembra de tudo.
Decifrar. Isso já era demais.


Ela dependia do amor de um homem. Ela achava isso. Até que um dia percebeu e desejou, tudo, menos esse amar. Se afastou de qualquer tipo de relacionamento a dois, de qualquer pessoa que pudesse fazer nascer esse sentimento. E assim, ela continuou vivendo. Qualquer tipo de sentimento de apego, ela sempre abstraiu. Muitos diziam que ela não havia esquecido o antigo amor. O primeiro amor. Podia até ser verdade. Mas depois de um certo tempo, ela percebeu que aquilo já não fazia mais sentido. Nada mais daquele passado se encaixava no presente. Nada. Estava tudo dão diferente. Dentro dela as perspectivas em relação a qualquer pessoa só haviam diminuido. Ela foi vivendo e deixando pra trás qualquer sentimento apaixonante. E isso a fez muito feliz. Ela pôde experimentar diversas aventuras. Mas sempre, sem nenhum sentimento amoroso. Mesmo que todos os seus amigos dissessem que havia algum tipo de sentimento, só ela mesma podia entender o que era estar com uma pessoa e se sentir vazia. Ter certeza que não haveria futuro algum ali. Ela dependia de sua liberdade. Era o numero 1 de sua lista. Ser livre e independente. Mas quem disse, que liberdade é antônimo de amor? Existe uma regra pra isso ou são só mais tablóides? - ela se perguntava - E se esquecia, que foi exatamente isso que sempre desejou. Era isso tudo que ela queria. Viver sem fronteiras, sem barreiras, sem um apego desnecessário, sem um motivo pra atrapalhar seus estudos, sua vida profissional. Sua carreira, sua tão sonha independencia. Foi isso que ela tanto quiz. Afastar-se de qualquer tipo de amor, por si. Alguns chamam isso de egoísmo, outros de amor próprio. Ela não sabia do que chamar. Ela já nem sabia mais o que queria. Na verdade, esse tempo todo ela viveu afastando todos esses sentimentos, sentimentos que sempre pertenceram a ela. Ela dizia não ter mudado de principios, mas havia mudado completamente. Pra melhor. Pra pior. Quem poderia saber. Mas no fundo, uma coisa ela não podia negar. Aquilo ainda permanecia dela com todo furor necessário. Ela precisava sim de alguém ao seu lado. Não só a dois, mas na amizade, na família. Mas, ela sempre sentia falta desse alguém, desse "a dois" que ela jamais teve de verdade.
Aí então ela despertava, como de um sonho, e isso não tinha mais importância. Sua carreira, seus estudos, sua família, seus amigos eram exatamente tudo o que ela precisava, nada nem ninguém mais.
Uns chamam isso de bipolaridade, outros de insegurança.
Ela não sabia. Logo ela, que sempre tinha respostas pra tudo e todos, só podia dizer a si mesma: Espere.
Ela aceitou o que desejou e continuou a seguir. Havia dias em que tudo fazia sentido, mas havia aqueles, dos quais ela sempre se perguntava: Será mesmo que é assim que tem que ser?
Como todo ser humano, ela não sabia do futuro.
E se martilizava todos os dias por isso.
Ela sempre se programou demais, estudou demais, trabalhou demais, planejou demais e não colocou em prática. Ela sempre quiz, quiz e quiz. E fazer? Ela deixava por conta do destino.
Aquele que só poderia agir, por suas ações.
Mudanças. Será que era isso mesmo que ela buscava?
Ela simplesmente não fazia idéia do que haveria pela frente e isso a transtornava.
Mas todos os dias ela se lembrava daquela música...
E não conseguia responde-la.
Será que dois é melhor que um?

[Ela não podia responder. Estava sozinha, no universo do desapego criado por ela mesmo, dentro de seu quarto. Que agora só poderia ser transformado, com o tempo.]

Infelizmente ou não, ela era impaciente.
- Eu sou impaciente -

Mas dessa vez ela parou de planejar e começou a agir.
Começou a plantar pra depois colher.
- Começei a fazer por merecer. -

M. Oliveira

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