Memory

Eu poderia escrever sobre a saudade de um amor que não se tem mais.

O que seria talvez normal. O que seria óbvio não é mesmo?

Mas não, resolvi ir mais fundo. Resolvi buscar em cada um que tivesse a oportunidade de estar aqui, um sentimento além da saudade do que se perdeu. Afinal de contas, você não sente falta somente daquele que não mais possui. Você sente falta de momentos. E é aqui que, talvez, o melhor mecanismo do nosso cérebro entra em ação. A memória. É graças a ela, que você aprendeu tudo o que sabe. É graças a ela que você se recorda de muitos momentos vividos, bons ou ruins.

Há quem tenha uma boa memória. Esses são os sortudos. Ou não. Muitas vezes lembram até do todos já se esqueceram. Mas há quem também lembre pouco. Lembre só o necessário, ou não.

Nem sempre lembrar significa saudade, nem sempre saudade significa lembrar. Muita coisa boa [acredito eu] todos nós já vivemos. Mas cada um sabe de suas tristezas. Cada um sabe o que não quer lembrar, mas mesmo assim lembra, sem sentir saudade. Cada um sabe o que não quer sentir saudade, mas mesmo assim sente.

É uma questão de observação.

Hoje, cada um de nós gostaria de voltar no tempo e reviver algo. Quem sabe até apagar algo.

Mas, o que cada um de nós deixou pra trás, não ficou lá? Para que perder tempo, revivendo algo que já foi vivido. Não que não valha a pena, mas, iríamos mesmo viver novamente ou iríamos mudar o que foi vivido?

Para voltar no tempo você só pode estar querendo mais ou menos daquele passado. E isso, cá entre nós, mudaria todo o resto dele. Resultaria num presente melhor ou pior. Num futuro mais desconhecido do que já se é. Resultaria em ganhos e perdas. Seria certo mesmo?

Sim, sabemos que é só uma hipótese. Ninguém pode voltar no passado.

Mas, e se pudéssemos?

Seria justo interferir em algo que já foi realizado, escrito e promulgado?

Não caberia a nós julgar ou tentar descobrir o verdadeiro sentido real das coisas, porque aí então já iríamos querer demais.

Mas, podemos sim reviver tudo o que quisermos. No coração. E se ainda assim, não estivermos satisfeitos, que tal buscar aquelas pessoas ou aqueles momentos para seu presente? Talvez se encaixe, talvez não. Você pode lidar com isso. Todos nós podemos (...)

E ainda assim, sentiremos falta daquele amor que nos enlouqueceu de sorrisos e de lágrimas. Vamos querer um chefe igual o daquela época. Vamos querer pessoas e o preço das coisas daquela época.

Nossa escola favorita, nosso amigo favorito.

Vamos sentir falta de quando nosso corpo ainda era firme, nosso cabelo era forte e nosso rosto não tinha manchas. Tempo em que os casais não se separavam tão rápido, ou de repente.

Tempo em que não havíamos perdido ninguém para o céu.

Essa nostalgia sempre vai nos pegar. De repente. Pode ser num dia de chuva ou num dia sol. Pode ser ao acordar ou ao dormir, olhando para uma foto ou lendo uma carta. Ouvindo uma música ou assistindo ao filme.

Dormindo ou acordado.

Esse é o preço que se paga por possuir tal mecanismo.

A memória.

Tudo é graças a ela...

Sem ela, não seríamos nada.

Sem o passado, não haveria presente e muito menos possibilidade de futuro.

Sem a lembrança do erro, não haveria o aprendizado.

Sem o aprendizado não haveria evolução... Mesmo que lembremos o que não queríamos, ou não nos lembremos do que queríamos.

Obrigada memória por perpetuar de todos os momentos.

Você sempre esteve aqui. Guardando tudo por mim.

Felizmente ou não.

M. Oliveira

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Frase do dia: "Eu tô igual chuveiro velho: nem ligo, e quando ligo, nem esquento." HA-HA